Elvis 1956




sábado, 15 de abril de 2017

LIVRO ELVIS E EU CAPITULO 10

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Continuação do livro Elvis e EU  Elvis And Me CAPITULO 10


— Feliz Natal! — exclamou Elvis, orgulhoso, entregando-me um cachorrinho cor de mel, de seis semanas.

— Oh, Elvis, é a coisinha mais linda que eu já vi! — Abracei-o e ouvi um latido abafado entre nós. — Oh, Honey, desculpe!

Involuntariamente, eu acabara de batizar o cachorrinho de Honey. Era a véspera de Natal. Elvis rezara por um Natal branco e — como em resposta a seu pedido — naquela noite caíram dez centímetros de neve. A reunião em torno da árvore de Natal incluía Vernon e Dee, os três filhos dela – David, Ricky e Billy — o círculo íntimo com suas mulheres e mais um punhado de outros amigos e parentes de Elvis. Todos se mostraram simpáticos e me fizeram saber que era bem-vinda, embora devesse parecer estranho ver a mim e não Anita sentada ao lado de Elvis. Anita partilhara o Natal com ele nos dois últimos anos. Havia ocasiões em que eu não podia deixar de especular se Elvis sentia saudade dela. Não era fácil para ele se separar das pessoas. Eu sabia disso. Foi divertido observar Elvis abrir os presentes.

— Exatamente o que eu estava precisando, outra caixa de jóias! -gracejou ele, desembrulhando a quarta da noite.

Ele olhou para Gene Smith, uma das poucas pessoas que era capaz de fazê-lo rir sistematicamente.

— Foi você quem me deu isto, Gene?

— Não, E, não fui eu.

— Pensando bem, não podia ser você, Gene. É bom gosto demais Puxa, E, como você pode dizer uma coisa dessas? — murmurou Gene, em seu arrastado sotaque sulista.

— Muito fácil. — Elvis estreitou os olhos. — Basta olhar para você, Gene, um exemplo vivo do mau gosto.

Fingindo se sentir ofendido,

Gene afastou-se a coçar a cabeça, enquanto todos riam.



Embora houvesse muitas brincadeiras, eu sentia uma tristeza em Elvis quando nossos olhos se encontravam. Não pude deixar de recordar o que ele me dissera certa ocasião na Alemanha:

— O Natal nunca mais será o mesmo em Graceland sem mamãe. Será terrível para mim e não sei se sou capaz de suportar a solidão. Mas acho que conseguirei, de alguma forma. Deus me dará a força necessária.

— Aqui está mais um, que você esqueceu de abrir.

Era o meu presente, uma cigarreira musical, que eu deliberadamente deixara para último. Prendi a respiração enquanto ele abria.

No momento em que ele levantou a tampa, soaram os acordes de "Love Me Tender".

— Adorei! Juro que adorei, Cilla! Muito obrigado!

Havia um brilho intenso em seus olhos e desejei sempre poder fazê-lo feliz assim.

Depois do Natal fazíamos alguma coisa emocionante todas as noites, quase sempre começando após meia-noite. Às vezes Elvis alugava todo o Memphian ou o Malco para assistirmos a um filme. Em outras ocasiões ele alugava o ringue de patinação Rainbow, de que eu tanto ouvira falar.

Na primeira noite ali eu estava prendendo os patins quando os rapazes me perguntaram:

— Você sabe patinar?

— Claro — respondi.

— Mas sabe como patinar aqui?

Percebi o recado no instante em que apareceu uma caixa com joelheiras. O que se fazia ali não era a patinação normal em torno do ringue. A idéia era simplesmente a de evitar que algum osso saísse quebrado. Entrei no ringue só para sair um momento depois. Não estava disposta a correr qualquer risco depois de ver as expressões determinadas dos patinadores. Eles faziam o Roller Derby parecer brincadeira de criança. Da beira, observei-os circularem pelo ringue, ajustando os casacos e camisas, a fim de não ficarem muito apertados, verificando se os braços e pernas estavam devidamente protegidos. Depois, Elvis patinou para o meio, dizendo:


- Muito bem, vamos começar. Saíam todos da beira. Não quero ninguém machucado por aí. Honey, por que não vai ficar no outro lado com Louise (a esposa de Gene Smith)? E os demais podem tirar o rabo daí e se instalarem em outro lugar.

Todos desataram a rir e Elvis arrematou:

— E agora vamos começar!

Cerca de 25 patinadores se deram as mãos, formando o que eles chamavam de um chicote. Patinando emparelhados, começaram a circular pelo ringue, aumentando a velocidade. O objetivo do jogo era permanecer ileso a velocidades superiores a quinze quilômetros horários. Pode ser muito perigoso quando a pessoa perde o equilíbrio ou se encontra na extremidade e todos viram rapidamente, "estalando o chicote".

Havia muitas quedas, mas apesar do perigo Elvis parecia saber exatamente o que fazia. Notei que sempre que alguém se machucava ele era o primeiro a verificar se estavam todos bem e a decidir se deveriam continuar.

Ainda não sei como todos evitavam lesões mais graves, mas a verdade é que ninguém se queixava e a maioria se mostrava disposta a repetir tudo na noite seguinte. Era uma brincadeira das mais rudes, mas Elvis costumava comentar:

— Se você é bastante homem para entrar na brincadeira, então é melhor ser também bastante homem para agüentar firme.

A véspera de Ano-Novo estava se aproximando. Elvis mandou que Alan alugasse o Manhattan Club e convidasse cerca de duzentas pessoas para a festa, seus amigos e as diretoras de diversos fãs-clubes. Embora eu estivesse excitada com a festa, não podia deixar de pensar a respeito. Notei que sempre que eu levantava algum problema, ele se apressava em dizer:

— Tudo vai acabar bem. Não se preocupe. Já tenho coisas demais em que pensar e não quero me preocupar com mais um problema.

Elvis sempre evitara os problemas. Se me sentia perturbada ou deprimida, se achava que estávamos ficando distantes e queria recuperar a



ELVIS E EU


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intimidade com uma conversa, ele me evitava ou dizia que a ocasião era inoportuna. Nunca havia um momento oportuno.

Houve uma ocasião em que o censurei pela atenção excessiva que dispensava à namorada de um dos rapazes do círculo íntimo. Ela era bastante atraente, mais ou menos da minha altura, cabelos pretos, um corpo bem-feito. Ela entrara na cozinha, onde vários de nós estavam sentados. Elvis, que usava óculos, pôs-se a fazer comentários assim:

— Puxa, como está ficando quente aqui. Alguém mais sente tanto calor?

Fiquei transtornada que me retirei. Esperei que ele subisse e o segui.

— Preciso conversar com você, Elvis.

— Está certo, Honey. Qual é o problema?

— Vi a maneira como você estava olhando para aquela garota. Isso me aborreceu.

— Escute, mulher, ninguém me diz a quem posso olhar e a quem não posso — respondeu ele, irritado. — Além do mais, você está se deixando dominar por sua imaginação. Há muito tempo que aquela garota circula por aqui.

Retirei-me furiosa, batendo a porta do quarto. Sentia-me traída por ele desejar outra mulher e contrariada porque nunca o admitia. Tornei-me obcecada, procurando descobrir tudo o que Elvis apreciava, o que o atraía, tentando ser tudo o que ele imaginava que uma mulher devia ser e mais ainda.

A festa de reveillon no Manhattan Club começou por volta das dez horas da noite, mas Elvis calculou nossa chegada para poucos minutos antes da meia-noite. Mal tivéramos tempo de pedir nossos drinques, vodca com suco de laranja, quando se iniciou a contagem regressiva. Depois, todos cantamos "Auld Lang Syne".

Enquanto as pessoas gritavam "Feliz Ano Novo!", Elvis abraçou-me e murmurou:

— Não quero que você volte, Baby. Vai ficar aqui. Pode telefonar para seus pais pela manhã.


Eu me encontrava em tamanho estado de êxtase que nem percebi o que estava bebendo. Tomei quatro drinques de vodca com suco de laranja, sempre por um canudinho. Depois do primeiro, eu estava me sentindo alta; depois do quatro, estava cambaleando. Fui ao banheiro com Louise e lá fiquei pelo que me pareceram horas, balançando de um lado para outro tentando me recuperar.

Quando finalmente voltamos à mesa, tentei me comportar como se tudo estivesse normal, mas Elvis percebeu como eu estava e disse:

— É melhor levarmos você para casa, Baby. — Não está em condições de continuar na festa.

Ele pediu a seu velho amigo George Klein, o disc-jockey de Menphis, para me levar em casa.

Passei a maior parte da viagem de volta com a cabeça esticada pela janela. George e sua namorada me acompanharam até a porta e ali se despediram. Entrei na casa. Segurando-me no corrimão, subi devagar a escada branca, tirando as roupas pelo caminho — o casaco, a bolsa, os sapatos e a blusa, formando uma trilha pelos degraus. Ao chegar ao quarto, estava apenas de sutiã e calcinha. Arriei na cama e apaguei. Poucas horas depois ouvi Elvis entrar no quarto na ponta dos pés e se aproximar. Seu estado não era muito melhor que o meu. Podia divisar sua silhueta contra o teto por cima. Não me mexi. Gentilmente, ele tirou o resto de minhas roupas. E, depois começou a me beijar. Naquela noite quase fomos longe demais. Ele quase quebrou sua promessa. Minha paixão o contagiara e ele enfraqueceu sob a influência do álcool. Mas antes que eu compreendesse o que estava acontecendo, ele bateu em retirada, murmurando:

— Não... não assim...

Tinha de ser especial, como ele sempre planejara. Não posso deixar de admitir que naquele momento eu não me importava se fosse especial ou não, não me importava com sua promessa. Mais do que isso, não me importavam com o que ele queria. Sabia apenas que eu queria.

Na manhã seguinte minha cabeça latejava com uma tremenda ressaca. Sentia-me envergonhada e embaraçada... mas não estava absolutamente


arrependida do que fizéramos. Elvis estava um pouco mais próximo de ser todo meu.

O momento da verdade chegou quando ligamos para meu pai na Alemanha. Elvis estava na extensão em seu escritório, enquanto eu falava de outro telefone na casa. Embora a ligação para Wiesbaden estivesse cheia de estática, não havia qualquer possibilidade de equívoco nas palavras de papai.

— Mocinha, não quero mais conversar sobre isso. Fizemos um acordo. Você deveria partir no dia 2 de janeiro. Só lhe resta mais um dia... e aviso que é melhor embarcar naquele vôo! Elvis interveio:

— Capitão, gostaria que ela pudesse ficar mais alguns dias. Tenho de voltar a Los Angeles em breve e seria maravilhoso...

— Não é possível, Elvis. Ela tem de voltar à escola e foi esse o acordo. Sinto muito. Priscilla Ann, você está na linha?

— Estou, sim.

— Estaremos à sua espera no aeroporto. Sabe a que horas. Até lá.

Fiquei furiosa. Corri para o escritório de Elvis, onde ele continuava sentado atrás da mesa, desolado.

— Odeio meus pais! — gritei, como uma criança mimada. — Por que eles querem impedir o nosso namoro? Só estão me pedindo para voltar para que eu fique tomando conta dos meus irmãos!

O rosto de Elvis estava vermelho de raiva.

— Fizemos um acordo miserável... e quem ele pensa que é, falando assim pelo telefone? ...ele e sua maldita educação militar.

Elvis pegou o telefone e ligou para a cozinha, indagando:

— Onde está meu pai? Diga a ele para subir imediatamente ao escritório!

Poucos segundos depois Vernon estava na porta.

— Qual é o problema filho?

— O maldito Capitão Beaulieu! — gritou Elvis. — Acabamos de telefonar para perguntar se Cilla podia passar mais alguns dias aqui e ele


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ELVIS E EU
 
 
assumiu uma atitude arrogante, entrando com seu jargão sobre acordos e recusando.
— Fique calmo, filho. A situação não é terrível assim.
Provavelmente ele estava querendo apenas que ela voltasse a tempo para o reinício das aulas.
— E quem se importa com as aulas? — berrou Elvis, ignorando os esforços do pai para acalmá-lo. — Basta matriculá-la numa escola aqui e todos os problemas estarão resolvidos. Além do mais ela não precisa de nenhuma escola. Afinal, não ensinam mesmo coisa alguma hoje em dia.
— Mas ela tem de voltar, filho. Não há outro jeito.
— Não está ajudando em nada, papai!
Mas Elvis começou a se acalmar. Recostou-se na cadeira grande e virou-se para olhar pela janela, por algum tempo.
E, depois, anunciou que tinha um plano. A estratégia de Elvis exigia que eu votasse à Alemanha e chegasse animada. Deveria me concentrar nos estudos, a fim de que meus pais não usassem minhas notas fracas como um pretexto para não permitir meu retorno. Elvis queria que eu concluísse a escola secundária em Menphis e tomaria todas as providências para que voltasse o mais depressa possível.



CONTINUA,,,,,,,,



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